Risques Pereira: o regresso do gato que partiu à aventura
Comissários Perfecto E. Cuadrado e António Gonçalves
Henrique Risques Pereira nasceu em Lisboa, em 1930.
Companheiro de tertúlia de António Maria Lisboa e de Fernando Alves dos Santos, entra em contacto com o grupo de “Os Surrealistas” através de Pedro Oom e participa em 1949 nas actividades do grupo, assinando os principais manifestos vindos à luz no tempo em que se desenvolveu aquilo a que Mário Cesariny chamou “a intervenção Surrealista”.
Depois da morte de António Maria Lisboa e seguindo o exemplo do protagonista do seu poema mais conhecido “Um gato partiu à aventura”, desaparece do horizonte artístico e literário português durante anos, abandonando a Arte para se dedicar ao trabalho como engenheiro civil. Só algumas destas obras foram expostas em anos posteriores nas exposições de homenagem a um ou outro companheiro do grupo Surrealista.
Queremos agora com esta exposição apresentar uma grande parte das obras de Risques Pereira, que na sua maioria nunca fora exposta. Cerca de uma centena de obras que demonstram o desenvolvimento plástico do autor neste período. São trabalhos sobre papel, de um grande carácter de experimentação, onde o desenho é o detentor de muita desta actuação e através do qual o autor, constrói paisagens povoadas por personagens que se tornam os protagonistas de uma possível acção. Percorre também outra abordagem de uma ocultação e construção mais geométrica onde vai deslizando, invadindo uma paisagem com um emaranhado de linhas ondulantes, onde em muitos casos se lhe vem juntar a cor, reforçando contrastes de luz e sombra, criando assim os cenários capazes de nos convidar a uma envolvência num espaço que se compromete com a poesia.
A sua obra poética está representada em diversas antologias como as organizadas por Mário Cesariny, ou a que Alfredo Margarido e Carlos Eurico da Costa publicaram no Brasil e posteriormente na antologia “You are welcome to Elsinor” (reeditado com o título de “ A única real tradição viva”) de Perfecto E. Cuadrado, a quem trasladaria posteriormente cópia de mais de uma centena de Poemas que demonstram a sua permanente e quase “oculta” ou “clandestina” devoção e dedicação poéticas, sendo esses poemas apresentados no âmbito da exposição, numa publicação da editora Quasi Edições.
- Data 7 de junho a 31 de julho de 2003