Temporárias

Museu dinâmico de metamorfoses: Isabel Meyrelles 

Comissários Perfecto E. Cuadrado e António Gonçalves 

Isabel Meyrelles ocupa um lugar muito particular na história geral da intervenção surrealista em Portugal, e não só pela força “convulsiva” (isto é, a “beleza” nos termos em que a definiu André Breton) das suas obras, mas também pela linguagem por ela privilegiada a par da poesia (a escultura) e pelo facto de ser uma das raras mulheres com um papel protagonista nos primeiros momentos daquela intervenção.

A par do Surrealismo, a ficção científica, de que foi figura importante em vários congressos internacionais e a que dedicou trabalhos de investigação e uma conhecida antologia, é outro dos pontos de referência fundamentais quando se fala nas origens ou crescentes da criatividade de Isabel Meyrelles.
A ideia de “metamorfose” que preside esta exposição tem a ver sobretudo com os caminhos sucessivos da representação simbólica que podem levar-nos da realidade real ao mito e dele à sua redução a uma iconografia clássica de significado colectivo para chegar à realidade poética última das materializações particulares dos sonhos de Isabel Meyrelles, onde vamos encontrar um bestiário fantástico e muito pessoal – dragões, unicórnios, gatos,… – que pela magia da poesia passa por sua vez a novo bestiário colectivo e doméstico sem perder nada do seu significado particular e simbólico. E, junto a esse bestiário, celebram também os sonhos da autora alguns objectos ou fragmentos de humanidade ou profecias de vida como a mão, com a luva que multiplica os seus sentidos, ou o ovo, que chega a totem celebrado ritualmente num círculo que remete ao círculo sagrado dos rituais da tribo.

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  • Data 13 de novembro a 14 de janeiro de 2005