Temporárias

Alfredo Margarido: obra plástica 

Comissários Perfecto E. Cuadrado e António Gonçalves 

Pintor, poeta, romancista, ensaísta, tradutor, historiador, jornalista, antropólogo, politólogo, sociólogo, professor universitário: o mais parecido nos tempos modernos com o “uomo universale” do Renascimento. Lúcido, crítico e livre, e por isso mesmo, polémico - indisciplinador de consciências, se nos é permitida a paráfrase.
Dizer Alfredo Margarido é lembrar a obra e o exemplo cívico dum dos observadores mais lúcidos da nossa realidade (entenda-se o “nossa” no sentido mais amplo tanto geográfico como histórico), observação essa que imediatamente e sucessivamente se vai transformando em conhecimento, saber e discurso, e daí em intervenção decidida sobre essa mesma realidade cuja reabilitação reclamava Mário Cesariny.    
Na história do Surrealismo português, Alfredo Margarido teve directa participação num dos seus episódios mais interessantes e menos conhecidos, o da experiência surrealista em Angola, e sobre esse particular deixou-nos palavras de recordação, de história e de crítica no seu artigo “Surrealismo in colonia” (Quaderni Portoghesi 3, 1978) onde, falando concretamente de “l’intervento dei surrealisti e del surrealismo nella Luanda e nell’Angola degli anni 1954-1958 […] il cui fulcro fu la mostra de Artur do Cruzeiro Seixas nel gennaio 1957”, informa: “Il gruppo era formato da Artur Manuel do Cruzeiro Seixas, José Manuel Soares Guedes, Manuel António da Silva Júnior, Maria Manuela Margarido, dal sottoscritto [Alfredo Margarido] e da Acácio Barradas.
Surrealista nas margens dos grupos e das actuações colectivas, apaixonado e rigoroso, violentamente lírico, Alfredo Margarido aceitou generosamente o convite para mostrar a sua obra plástica na Fundação Cupertino de Miranda no âmbito das actividades do Centro de Estudos do Surrealismo onde ele já tinha uma presença literária e plástica importante mas ainda longe do que ele merecia e nós todos desejávamos.

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  • Data 12 de maio a 14 de julho de 2007