Exposição detalhe

Pelas características desta Colecção, o tratamento do retrato é um tema recorrente dos autores que protagonizaram o acontecimento do Surrealismo. Pretende-se possibilitar um aprofundamento do conhecimento desta temática através da selecção apresentada numa deambulação pelas captações de expressões subjectivas e profundas das personagens, que nos anunciam a sensibilidade do observador (como vê e sente) e paradoxalmente revela as características físicas, psicológicas, intelectuais e emocionais dos retratados. Retratos imaginários, oníricos, anónimos, carregados de humor, de crítica e auto-retratos são alguns dos exemplos que desenham as susceptibilidades, afinidades, irritabilidades e afectividades dos retratados, numa imagem projectada do outro como reflexo de si próprio.
Os surrealistas pretenderam uma subversão do Academismo e desta forma destroem os cânones do universo da representação ao apresentarem peculiarmente o retrato numa procura pela afirmação desse seu anti-academismo. O retrato assim não é uma mera representação, mas antes uma apresentação do seu interior. Mário Cesariny encontra-se entre os mais representados, em figurações por Paula Rego numa atitude de combate e confronto consigo mesmo ou ainda por Vieira da Silva ou João Rodrigues. Cruzeiro Seixas é igualmente visado através de representações por Eugénio de Andrade, Fernando de Azevedo e Mário Botas.