Exposição detalhe

A presente exposição mostra alguns dos cadavres exquis que fazem parte do acervo artístico da Fundação Cupertino de Miranda de Vila Nova de Famalicão, onde se repetem os nomes dos jogadores (Calvet, Cesariny, Cruzeiro Seixas, Mário Henrique Leiria, Raúl Perez, Mário Botas,…) e onde, para além das características técnicas assinaladas, encontramos  em muitos deles o antropomorfismo como elemento temático sustentador dos desenhos seguindo o inicial esquema bretoniano de “cabeça.-tronco-pernas” paralelo ao esquema verbal “substantivo-adjectivo-verbo-substantivo-adjectivo” que marcavam a pauta da realização  do jogo. Um jogo ‘surrealista’ que como tal aponta para diversas caras do poliedro amor/liberdade surrealista: a dimensão lúdica da criação (tirando o excesso de ‘transcendência’ ao acto ‘demiúrgico’ da criação), o carácter colectivo dessa criação (limitando assim o papel sacerdotal do ‘demiurgo’, à procura do horizonte de Lautrèamont quando exigia que a poesia devia ser feita por todos), o baseamento dessa criação na amizade (um dos muitos nomes ou máscaras do amor), no automatismo e na procura do maravilhoso quotidiano, ou seja, duma realidade poética surgida da transformação (ou reabilitação, como dizia Cesariny) da realidade que impropriamente costumamos, por desconhecimento ou por preguiça ou por excesso de racionalismo e de vigilia, chamar ‘real’.