Temporárias

Retorno ao selvagem: desenhos, Sergio Lima 

Comissários Perfecto E. Cuadrado e António Gonçalves 

Sergio Lima é um dos grandes ensaístas, poetas e artistas do Surrealismo e do Brasil; é também um dos máximos expoentes da ética surrealista, assumida com todas as suas consequências. Manteve-se sempre afastado da literatura enquanto espectáculo e da arte vista como um investimento sempre lucrativo, que é aquilo em que se tornou há já bastante tempo.
Contactou já em 1961 com o grupo surrealista de Breton em Paris, e desde essa data manteve uma relação de amizade e colaboração permanente com os membros activos do Surrealismo francês e internacional, participando em exposições e obras colectivas, realizando algumas exposições individuais e levantando (e publicando) uma obra poética situada no território da mais “alta licenciosidade” (por usar o título do livro onde reuniu pela primeira vez a sua poesia), ao tempo que trabalhava nas bandas do cinema como organizador e como crítico e ensaísta.
A presença (ou não) da poética (deixemos a ética e a moral por agora) surrealista no Brasil no contexto amplíssimo e não muito bem delimitado do chamado “modernismo” tem sido um dos assuntos mais polémicos no âmbito da historiografia artística e literária brasileiras, negando uns essa presença e afirmando-a outros como Sergio Lima (o Sergio Lima historiador, crítico e ensaísta), a quem se devem trabalhos fundamentais como os textos publicados em obras colectivas  (“Surrealismo no Brasil: mestiçagem e sequestros”, in Surrealismo e Novo Mundo) e em revistas como Agulha, Punto Seguido, Escrituras Surrealistas, Menú, La Página ou Organon, trabalhos esses culminados com a publicação  em 1995 do primeiro volume da sua obra monumental (projectada em quatro volumes) A Aventura Surrealista.  Essas e outras muitas intervenções críticas e polémicas de Sergio Lima têm vindo a confirmar, com suficiente e pertinente documentação histórica, e existência duma tradição surrealista nos contextos concêntricos do modernismo brasileiro, do Surrealismo internacional e da mais alongada tradição da chamada “Modernidade”.
A sua obra plástica foi seguindo um percurso técnico e temático que tem conhecido vários momentos ou estações principais de que pode ser um bom exemplo esta exposição.
O Centro de Estudos do Surrealismo, na direcção dos seus declarados e assumidos objectivos, quer com esta exposição  homenagear o Poeta Sergio Lima e contribuir para a  divulgação merecida e necessária da sua obra.

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  • Data 22 de setembro a 10 de novembro de 2007