Itinerâncias nacionais

Gonçalo Duarte: obra plástica

Comissário António Gonçalves.

Esta exposição permite-nos ver o desenvolvimento da obra de Gonçalo Duarte em diferentes períodos com obras dos anos 60 aos anos 80. Uma maior incidência no trabalho de desenho que mostra como esta técnica foi relevante e um excelente campo de experimentação, muito usado também pelos surrealistas com que Gonçalo Duarte se relacionou. A folha de papel como uma base simples que admite incursões muito diversas e de resultados muito singulares. A linha e a mancha tomam o plano do papel e com o gesto se procura responder aos mais diversos impulsos e intenções. Os trabalhos dos inícios dos anos 60 são de uma força muito energética com mancha e linha numa convulsão de pendor expressionista e abstracto. As linhas que surgem nos trabalhos dos anos 60 são de espessura bem mais acentuada e muito orgânicas, ocupando toda a folha de papel e agarrando formas mais figurativas, não deixando, no entanto, de se apresentarem com uma índole surrealista. Há, contudo, uma gramática muito pessoal nas formas com que Gonçalo Duarte povoa as suas obras, uma presença do elemento feminino denuncia um pendor erótico nalguns destes trabalhos. As pinturas que aqui se apresentam mostram um trabalho de grande entrega aos temas que formaram parte da dedicação aprofundada, ou mesmo obsessão de Gonçalo Duarte. A História Trágico-Marítima ou a tragédia de Alcácer Quibir são temas onde mergulhou profundamente no encalço de repostas que lhe assegurassem entendimento ou mesmo orientação para instável aceitação do mundo que o rodeava e que o fazia estar longe do seu âmago.

Salienta-se que a maioria destas obras que hoje se apresentam pertencem à colecção da Fundação Cupertino de Miranda e chegaram até nós através do Pintor Eurico Gonçalves, que manteve amizade com Gonçalo Duarte.

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  • Local Museu Amadeu Sousa-Cardoso, Amarante
  • Data 27 de agosto a 9 de outubro 2016