Surrealismo

Manuel Patinha: o olhar inteligente

Manuel Patinha nasceu em 1949 na Póvoa de Santa Iria, onde aos 18 anos realizou a sua primeira exposição. Depois viriam outras estações fundamentais – a passagem pela Marinha de Guerra, a emigração à Alemanha, os trabalhos nas plataformas do Mar do Norte primeiro e depois na África do Sul, a primeira viagem à Galiza, a estadia em Madrid – conhecimento de Francisco Aranda e Eugénio Granell – e o regresso definitivo à Galiza.
Aranda e Granell não seriam as únicas referências pessoais ao Surrealismo no percurso da biografia artística de Manuel Patinha. Outra, e da maior importância, seria a de Cruzeiro Seixas, com quem colaborou numa série de “Cadavres-Exquis”.
Primeiro foi o desenho – que voltaria mais tarde a visitá-lo: lápis e tinta-da-china sobre papel, pequenos caderninhos escolares, um onirismo lírico vestido da ingenuidade e a rotundidade de um automatismo sem disfarces nem mistificações; depois, a aguarela e o óleo, os “Cadavres-Exquis”, o grande formato, as pinturas expressionistas que recriam as idades do homem ou a experiência das “cidades tentaculares” esvaziadas do humano e habitadas pela sombra de uma ameaça sem rosto e sem perfis; agora, as pinturas penúltimas recriando um universo de símbolos e signos que se organizam à maneira de um alfabeto pessoal que remetem ao universo expressivo de África ou das ilhas do Pacífico. E, quase em paralelo, a escultura também em constante evolução de materiais, técnicas, formatos e universos simbólicos e referenciais. É também autor de uma obra poética praticamente desconhecida.
Surrealista essencial, fora dos grupos e das “estórias” e até do tempo da história do Surrealismo (surrealista “inorgânico”, por assim dizer, e sei bem o pouco que afinal isso importa), Manuel Patinha oferece-nos uma nova lição de como, perante a evidência insistente da sórdida e mesquinha realidade quotidiana (a tal “realidade real”), se impõe a possibilidade evidente e a necessária urgência alternativa duma “realidade poética” edificada à força de palavras e de linhas e de cores e de imagens e símbolos e signos nascidos nas margens do sonho e do desejo.
Este catálogo conta com mais de 100 obras, fotografias e uma biografia do autor.

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  • Local Biblioteca da Fundação Cupertino de Miranda

Notas

 

Informação do Catálogo:

MANUEL PATINHA

Manuel Patinha: o olhar inteligente = la mirada inteligente / Sel. Perfecto E. Cuadrado e António Gonçalves; textos Perfecto E. Cuadrado e Juan M. Monterroso Montero; trad. Ana Lúcia. - Vila Nova de Famalicão: Fundação Cupertino de Miranda: Centro de Estudos do Surrealismo, 2005. - 131, [4] p.: il.; 30 cm.

Patinha, Manuel, 1949- / Catálogo / Surrealismo -- Pintura -- Escultura
Cuadrado, Perfecto, 1949- / Gonçalves, António / Monterroso Montero, Juan Manuel / Lúcia, Ana / Fundação Cupertino de Miranda / Centro de Estudos do Surrealismo

2-D-114

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