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«Este novo Caderno do Centro Português do Surrealismo reúne, da mão da nossa amiga e colaboradora a Dra. Michele Rocha, dois nomes fundamentais das vanguardas ibéricas imediatamente posteriores à Guerra Civil Espanhola e à II Guerra Mundial: Mário Cesariny e Joan Brossa. Nesses anos – segunda metade da década de 40 do século passado – podemos dizer que arranca um segundo momento na história das vanguardas do século XX, tanto no plano teórico e polémico como no das práticas artísticas e da definitiva internacionalização das vanguardas, com o Surrealismo como espelho e farol a iluminar o caminho. Em 1945 aparece em Espanha o “Postismo”, com Carlos Edmundo de Ory ao leme, três manifestos e duas revistas de número único, Postismo e La cerbatana. O próprio Carlos Edmundo de Ory falava do grupo e do movimento como de um “surrealismo ibérico”, e defendia, perante o automatismo absoluto, a “loucura controlada”, que imediatamente lembra o “abandono vigiado” de O’Neill. Em 1947, quando aparece o grupo “Pórtico” em Zaragoza, Cesariny encontra Breton em Paris, e ali também Cândido Costa Pinto e António Dacosta assinam o manifesto “Rupture Inaugurale” que assinala um ponto de chegada como ponto de partida da aventura surrealista. Finalmente, em 1948 aparece em Barcelona o grupo e a revista “Dau al Set”, com Joan Brossa, Arnau Puig, Joan Ponç, Antoni Tàpies, Modest Cuixart, Joan-Josep Tharrats e pouco depois Juan Eduardo Cirlot. Convém lembrar e estudar estes paralelismos e coincidências históricas, e por isso a importância deste trabalho que seleciona as figuras de Mário Cesariny e Joan Brossa juntos na direção da confluência plurisignificante da poesia plástica e da poesia verbal tão cara às vanguardas e tão presente no Surrealismo.»