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Entre nós e as palavras MÁRIO

«Há dez anos já que Mário largou o cais no seu navio de espelhos juntos com outros argonautas e aventureiros e agora prossegue a sua viagem à procura do porto que é a porta para o jardim das delícias onde ser cruzam todas as nascentes e onde esperam por nós todos os nossos nomes verdadeiros pelos que seremos totalmente e autenticamente e nós. O Centro de Estudo do Surrealismo dedicou já um número especial a Mário que incluía as suas “homenagens excessivas”.
Mas no caso do próprio Mário, nenhuma homenagem poderá ser nunca excessiva, porque ele continua a ser o Prometeu que desafia os deuses para nós podermos  manter o fogo na caverna. Hoje, por isso, lembramos mais uma vez publicamente o autor de Pena Capital com uma série de desenhos do seu percurso de artista “absolutamente moderno” que procurava sempre caminhos novos para imediatamente os transgredir e os negar ou esquecer para seguir novos rumos sempre com o horizonte utópico ao fundo do Amor, a Liberdade, o Desejo, o Sonho e a Poesia. Assim sucedem-se, entre outras estações do caminho, as sismografias, as soprofiguras ou os aquamotos, por exemplo, presididos pela cena genial, hilariante e comovente ao mesmo tempo, do quinteto felino familiar. Quanto aos textos, e a seguir ao obrigatório “You Are Welcome to Elsinore”, dois textos recuperados da revista CRONOS que depois, um deles muito modificado, apareceriam em 19 projectos do prémio Aldonso Ortigão seguidos de Poemas de Londres (Lisboa, Livraria Quadrante, Quadrante Colecção de Poesia). O Centro de Estudos do Surrealismo afirma assim mais uma vez a sua dívida com Mário Cesariny e a sua vontade de seguir e divulgar o exemplo de quem foi, mesmo entre os muros e as pareds de Elsinore, um homem LIVRE.»