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«Talvez por razões da própria especificidade de cada uma das linguagens artísticas e das características particulares do modelo de imagem privilegiado pelo Surrealismo, no caminho que arranca das práticas poéticas de Lautréamont e desemboca nas teorias de Pierre Reverdy, que Breton incorporaria ao corpo da poética surrealista, o cinema não tem ocupado nunca um espaço demasiado importante nas histórias do movimento, […]. No caso do Surrealismo português, é muito pouco o que se tem estudado, apresentado e divulgado sobre a intervenção surrealista nos territórios da linguagem cinematográfica. […] Alguns exemplos são “Uivos graduados” por Leonel Martins Rodrigues; “A Brasileira do Chiado”; “Rencontres marquées” guião de Cruzeiro Seixas, versão francesa de Isabel Meyrelles, dirigido por Édouard Jaguer; cinco filmes “de amador” de Carlos Calvet, com destaque para “Momento na vida de um poeta” protagonizado por Mário Cesariny e João  Rodrigues; “A Norma de Bellini” projeto cinematográfico de Mário Cesariny; e por fim, este “projeto de filme” de José-Augusto França que e “havia de ser filmado por Fernando Lemos em 1951 nas praias de Caparica” e que tinha esperado até hoje o momento da sua publicação e divulgação […]

Novembro de 2009»