Poesia

Obra Poética - Vol. I

Decano da arte portuguesa e um dos grandes nomes do Surrealismo português e europeu, Artur do Cruzeiro Seixas nasceu em 1920, na Amadora. No seu longo percurso artístico, conta com uma fase expressionista, outra neo-realista e outra, com início no final dos anos 40, mais prolongada, em que integra o movimento Surrealista Português, ao lado de Mário Cesariny, Carlos Calvet, António Maria Lisboa, Pedro Oom ou Mário Henrique Leiria. Foi um dos seus precursores e atualmente é considerado um dos seus máximos expoentes, considerando-se que o surrealismo fantástico visível na sua obra tenha tido como principal inspiração o trabalho do artista De Chirico. É autor de um vasto trabalho no campo do desenho e pintura, mas também na poesia, escultura e objectos/escultura. No ano de 1952, foi viver para Angola, onde realizou várias exposições individuais e projetos na área da museologia. Em 1964, fugindo da guerra colonial que se vivia, decidiu empreender uma viagem pela Europa. No seu percurso conta inúmeras exposições individuais e coletivas em importantes museus e galerias, em Portugal e no estrangeiro, e com diversos prémios e distinções. Em outubro de 2012, a Sociedade Portuguesa de Autores atribuiu-lhe a Medalha de Honra em forma de reconhecimento pela sua longa e sólida carreira artística, como pintor e poeta. Em outubro de 2020 foi agraciado pela Ministra da Cultura, Graça Fonseca, com a Medalha de Mérito Cultural, “reconhecimento institucional, mas é também um reconhecimento pessoal de alguém que se junta aos muitos que o admiram e que em si reconhecem um olhar que sempre viu mais longe e mais profundo”.
Morreu a 8 de novembro, em Lisboa, prestes a completar 100 anos.

Artur do Cruzeiro Seixas é agora um homem com o tamanho de cem anos. Cada um dos seus gestos é um século em movimento. Penso nisso em todos os encontros, penso em como os génios sempre independem do tempo e se definem pelo incrível.
Na ansiedade de Cruzeiro Seixas, essa imparável pulsão começadora, nada se exclui. Tantas vezes lhe ouvi o protesto contra qualquer existência estúpida, aquela incapaz do sensível e do criativo, aquela incapaz da humanização que a arte e o conhecimento comportam. Para o grande e genial mestre a vida é uma gula que se revela em todas as formas de maravilha, a partir do fascínio ou do susto, a partir do belo e do que se torna belo em seu genuíno tremendismo.
A elogio da sombra repõe agora os volumes organizados por Isabel Meyrelles e que atónito, há umas décadas, encontrei inéditos na casa do mestre, ainda na carismática casa da Rua da Rosa. Mais adiante, daremos à estampa um quarto volume recolhendo os poemas dispersos. Nesta vasta obra se encontra um surrealismo pleno, a relação mais indomável que ao espírito humano revela sobretudo o que tem de inexplicável e, ainda assim, profundamente necessário.
Uma das figuras maiores do surrealismo do mundo, Artur do Cruzeiro Seixas ergue a poesia como “a boca que olha”. Tão feita do improvável quanto de presciência. Graça alquímica. A transcendência dos que foram eleitos para ver. [Valter Hugo Mãe]

«Diz Cruzeiro Seixas que o que pintou e escreveu são apenas fragmentos; “São fragmentos o que o meu dia a dia me dá; fragmentos de amor, fragmentos de génio, fragmentos de sonho etc, etc…, neste fragmento de país”. Por aqui seguimos, cegos pela intensidade da luz. Creio que é Jean Paulhan que refere “o furor poético do surrealismo”, e creio eu que é esse furor que passa nesta poesia como passa nessa África afinal ainda subjugada.» [Isabel Meyrelles]

Fonte: Porto Editora

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  • Local Biblioteca da Fundação Cupertino de Miranda

Notas

 

Informação do Catálogo:

 

Seixas, Cruzeiro, 1920-2020

Obra poética / Artur do Cruzeiro Seixas; org. Isabel Meyrelles. - Porto: Porto Editora, 2020. - 260, [8] p.; 20 cm. - (Elogio da sombra. I; 12. II; 15. III; 17). - Coordenação da coleção Valter Hugo Mãe. - Edição com apoio da Fundação Cupertino de Miranda. - ISBN 978-972-0-03302-4. - ISBN 978-972-0-03303-1. – ISBN 978-972-0-03304-8.

Poesia -- Séc. 20-21 / Literatura portuguesa -- Poesia -- Portugal / Surrealismo
Meyrelles, Isabel, 1929- / Mãe, Valter Hugo

35-G-09