Livros

O uso da imagem pelos surrealistas foi descrito por Aragon como “apaixonado” e “desregulado”.
Para os surrealistas a fotografia era tão importante nas suas vidas como na sua arte, era omnipresente nas várias atividades do grupo, era recolhida e trocada; acompanhava a publicação de livros, revistas e alguns folhetos; inspirava textos ou jogos; tornou-se uma obra de arte nas mãos de alguns e foi exposta juntamente com pinturas, esculturas ou objectos surrealistas.
A partir de dezenas de reproduções de obras, documentos visuais, ensaios, textos, este livro apresenta os muitos usos da fotografia pelos surrealistas. Foram selecionadas e compiladas uma seleção de obras de Man Ray, Hans Bellmer, e Claude Cahun, mas também fotomontagens de André Breton, Paul Eluard, e Antonin Artaud.
Para além da heterogeneidade de práticas e formas plásticas, o objetivo deste livro é medir a rutura introduzida pelas imagens modernas - fotografia, mas também cinema - no regime das representações tradicionais. Nas palavras de Arthur Rimbaud, os surrealistas queriam "mudar a vida". Mas eles compreenderam que para mudar a vida, tinham de começar por mudar de visão. "É através da força das imagens", afirmou Breton, "que as verdadeiras revoluções poderiam muito bem ser realizadas".
[Adaptado]