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"Eu Falo em Chamas" uma obra com poemas e ilustrações surrealistas da autoria do Mestre Cruzeiro Seixas, contou com uma introdução de André Coyné.
Com data de 1986, apresenta desenhos, cores e palavras fortes que nos transportam para outras dimensões. Uma obra totalmente intervencionada à mão pelo seu autor no original, com aplicação de diversas técnicas nas ilustrações apresentadas, que poderá contemplar nesta edição fac-similada.

Esta obra resulta de uma parceria entre a Fundação Cupertino de Miranda e o jornal Público, para assinalar o centenário do nascimento do autor.

"Le plus étonnant, c'est que, plus la spécificité des vrais surréaliste portugais, et celle, au milieu d'eux, de Cruzeiro Seixas s'avèrent grandes, plus se déclare, simultanément, leur commune surréalisté." André Coyné (O mais espantoso é que quanto maior for a especificidade dos verdadeiros surrealistas portugueses, e a de Cruzeiro Seixas no seu meio, mais o seu surrealismo comum é simultaneamente declarado.)

«Anos e anos esperou impaciente
no lago de folhas mortas.

Impaciente foi abrindo os olhos seus
e também os dos cardos companheiros
anos e anos.

Aprendeu a ler com finos dentes
e escreveu na carne das montanhas mais distantes
o mistério dos monstros
emparedados atrás do sol.

Quando chegaram os anjos
oscilava no espaço branca
uma nuvem de navios naufragados
e de milhões de criaturas em chamas.

Depois o lago fechou-se sob o prado azul
fechado sob o sonho do viajante infernal.»